Fermata (ma non troppo)
foto by daniboy, flickr
Todo dia é a mesma coisa: tem gente que nem me dá um oi e já pergunta se finalmente postei algo novo. E não adianta explicar que o blog ainda está em fase de teste, que pretendo mexer no layout, não adianta. Então hoje eu desisti: vox filii, vox dei...
Não sei se é o frio ou é a febre. Talvez seja porque desenterrei uma poesia que já nasceu com endereço certo e eu nunca mandei entregar. Mas com certeza é porque me dei conta que tudo está sempre em fase de teste, e nem por isso a vida deixa de acontecer.
E assim também são as palavras, transitórias. Pois o que elas carregam, isso sim permanecerá.
Descortina
O erotismo é o interdito de tudo
É o vir a ser que nos segura a voz no instante
É um desejo de veludo
Incessante
De transparência em que se toca no olhar
De silêncio que transpassa os gemidos
Do vão entre o Aleph e o resto de Borges
Do quase toque de dois corpos exauridos
É poema que não vira letra quando finda o ato
É a fermata do corpo em arco
E um vento fraco a balançar a cortina
É o espaço-tempo de amar
em que pende mulher e menina