terça-feira, 23 de outubro de 2007

Berceuse



Me canso:
o dia inteiro
é descanso do que eu penso
chego em casa
nem sinto nem sento
apenas vento
em direção ao meu quarto:
sou só um corpo e um retrato
meu travesseiro é de areia e sono
braços bóiam, me abandono
e o lençol se espalha
lentamente
vai molhando minhas costas
alcança os meus cabelos
e minha mente nada
depois se afaga
até que já não respiro:
me retiro e o ar me invade

é tarde, é muito tarde
a cidade só quer dormir
mas eu e o futuro
eu flutuo
eu espero o silêncio invadir

e quando meu corpo anoitece
a alma espreguiça: é dia
eu durmo profundamente

E desperta a poesia.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

No meu colo


Saudade e um poema.


Não tenho muito além
do meu colo pra você
não tenho minhas mãos
e os dedos no piano
não tenho mais ouvido
meus os beatles
e meus ouvidos
não tenho mais
não enxergo o azul do mar
não tenho o mesmo olhar
castanho
não sou mais que algo estranho pra mim
não sou mais nem menos
o que eu era antes
mais nem menos desinteressante
sou só uma falta constante
não tenho mais meu tempo
ou meu lugar distante
nem me entendo mais por aqui
não tenho minha voz irada
nem tenho a alma alada
não tenho nada
e no fim eu não tenho (palavras)
tudo o que tenho está aqui,
no meu colo.

terça-feira, 17 de julho de 2007

To Blog or Not to Blog!!

Como vocês podem ver, faz muito tempo que eu não posto nada aqui. E quando eu já achava que fazia parte de um grupo de desastrados blogueiros que inauguram blogs e não escrevem quase nunca, eu me dei conta que eu estava na verdade vivendo uma crise criativo-existencial pela qual passam todos criadores/escritores/artistas, e, consequentemente, blogueiros. Não que eu não tenha nada pra falar: o pessoal diria o contrário, me pedindo até pra falar menos. Mas eu ainda estou me adaptando ao fato que eu posso falar por aqui também. Blogar ou não blogar, eis a questão. Blogar sempre? Blogar de vez em quando? Blogar só quando der vontade? Se não tiver nada pra blogar, melhor ficar quieto? Se não sabe ainda, assista o vídeo enquanto você pensa a respeito... É o que vou fazer por enquanto... : )

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Fermata (ma non troppo)


foto by daniboy, flickr

Todo dia é a mesma coisa: tem gente que nem me dá um oi e já pergunta se finalmente postei algo novo. E não adianta explicar que o blog ainda está em fase de teste, que pretendo mexer no layout, não adianta. Então hoje eu desisti: vox filii, vox dei...

Não sei se é o frio ou é a febre. Talvez seja porque desenterrei uma poesia que já nasceu com endereço certo e eu nunca mandei entregar. Mas com certeza é porque me dei conta que tudo está sempre em fase de teste, e nem por isso a vida deixa de acontecer.

E assim também são as palavras, transitórias. Pois o que elas carregam, isso sim permanecerá.

Descortina
O erotismo é o interdito de tudo
É o vir a ser que nos segura a voz no instante
É um desejo de veludo
Incessante

De transparência em que se toca no olhar
De silêncio que transpassa os gemidos
Do vão entre o Aleph e o resto de Borges
Do quase toque de dois corpos exauridos

É poema que não vira letra quando finda o ato
É a fermata do corpo em arco

E um vento fraco a balançar a cortina
É o espaço-tempo de amar
em que pende mulher e menina



sexta-feira, 18 de maio de 2007

Mi casa, su casa


foto by fabi e geo

Melhor do que finalmente ter coragem de publicar meu blog, é saber que os amigos gostaram dele a ponto de me mandar um texto para ser publicado aqui... : ) Pois uma das coisas que mais caracteriza a blogsfera é o fato de um blog ser, antes de tudo, um diário pessoal. E para a maioria dos bloggers isso significa publicar prioritariamente suas próprias expressões e impressões sobre o mundo e sobre a vida.

Mas não aqui nesse blog. Meus amigos me conhecem o suficiente para saber o quanto eles fazem parte da minha vida: muito. Muito do que sou, muito do que penso, muito do que será publicado aqui, é fruto dos meus encontros com essas grandes pessoas que tive o privilégio de conhecer um dia.

Por isso, faz todo sentido do mundo eles aparecerem por aqui para recitar um poema e contar uma história, enquanto tomam aquele café coado que eu adoro fazer. Assim como minha casa e minha vida, meu blog tem que estar sempre cheio de gente...

E, leitor desavisado, não se preocupe: esses amigos, cada um à sua maneira, são grandes artistas. Sua viagem até aqui vai sempre valer a pena... : )

Roma e o tempo
por Maysa Monção Gabrielli

um passarinho pousa no largo Corrado Ricci
corta
o homem ri, a barriga oblonga
uma foto não prende o tempo


(a Alessandro, garçom do largo Corrado Ricci)






quinta-feira, 17 de maio de 2007

Check-list



O amor, depois de um tempo, começa a querer inventar.
Uma vez foi reclamar em forma de lista: saiu catalogando minhas manias.
Pra mim, elas me faziam única... para ele, elas me faziam chata... :)

O jeito é responder ao amor como ele merece: poesia.
.........................

A lista como você quer...extensa:
eu sinto calor
minha pressão cai
tenho dor de cabeça
meu estômago arde
ando meio enjoada
gosto de me arrumar
e organizar o quarto
demoro pra ficar pronta
preciso de um café a tarde
prefiro comer sentada

A lista como ela é........intensa:
Eu sinto calor... quando me beija
fico meio mole... quando me toca
tenho dor de cabeça... de tanta conversa nossa
meu estômago arde... se te vejo triste
ando meio enjoada... do que faço sem você
gosto de me arrumar... apenas para te ver
e organizar o quarto... para poder bagunçar sua cama
demoro pra ficar pronta... mas pra você me desarrumo já
preciso de café a tarde... para uma noite desperta contigo
prefiro comer sentada... (já você, como bem me quiser...)
....................

Listas não ensinam, só repetem
Listas são chatas e previsíveis como roupa de marinheiro
Lista de compra só é legal quando a gente pode comprar tudo que está fora dela
As listas da zebra só são bonitas porque são tortas

Uma lista não é inata
Uma lista de defeitos, ingrata:
assim catalogados os defeitos passam a fazer sentido
e fazendo sentido passam existir os defeitos
que outra forma não teriam existido

Se alistar é justificar a guerra
se alistar é morrer por catalogação

Na falta de melhor conclusão
desconfio que nenhuma lista pode ser boa coisa

...................................

Ele e a lista... Elitista...Estilista...Antilista...Antilhas...Antilhas...Antilhas... aquele mar e aquelas ilhas...que água azul é essa meu deus...eu quero poder nadar nua...essa água azul...essa lua...pra que mesmo você queria uma lista?

Post novo no blog do meu imaginário


Maiden, Gustaf Klimt



Post novo no blog do meu imaginário
onde minha auto-crítica
cão cérbero de minha alma
é temerária do que posso ser
do desejo que me acalma
do afeto que me ultrapassa
e que é começo e fim
de todo poder que a palavra
procura e encontra em mim

quarta-feira, 21 de março de 2007

Poesia gera poesia









Para quem comete escrituras como eu e se dispõe a compartilhá-las com o mundo, umas das coisas mais gostosas da internet é a interação viva, é poder escrever e receber escritos de volta. 
 
Para mim, o espaço do comentário é muito mais do que um lugar para receber um elogio: é uma folha em branco onde um novo poema pode ser escrito, por alguém que às vezes nem sabia que sabia poemar, ou que não tinha tido a chance, ou a inspiração, de deixar de ser apenas um leitor e se tornar um escritor, apenas naquele momento, quem sabe pra sempre, mas transformando um simples comentário numa pequena e pessoal criação literária. 

Toda vez esse blog publicar um texto com o símbolo "poesia gera poesia" é porque um poema tentou se disfarçar de comentário, e eu descobri : )

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O símbolo "poesia gera poesia" foi idealizado por Paulo de Loyola e Fabiana Motroni. É uma adaptação do símbolo original  "gentileza gera gentileza", que foi criado por designers cariocas a partir das pinturas e inscrições criadas por José Datrino, conhecido como "Profeta Gentileza"   "Poesia gera poesia" é uma homenagem ao Gentileza, e à poesia e visão de mundo que ele teve coragem de pintar pelas ruas do centro do Rio de Janeiro.

terça-feira, 13 de março de 2007

Todo dia é dia de poesia...


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      Vem passar o domingo na praça

      vai ter arte e amigos

      (e a entrada é de graça)


      Deixe de lado a preguiça

      e a prosa do dia a dia

      traz sua verve e a vontade

                                            de ouvir

                                                    e dizer 

                                                           poesia


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14 de março: Dia Nacional da Poesia (Brasil)
21 de março: Dia Internacional da Poesia (Unesco)

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   Sarau do Dia da Poesia 2009 

        Data.........DOMINGO, DIA 15 DE MARÇO

        Horário....a partir das 18h

        Local........Espaço Cultural Alberico Rodrigues

        Praça  Benedito Calixto, 159 - Pinheiros

        Entrada Franca

       www.albericorodrigues.com.br


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No próximo domingo, dia 15 de março, às 18 horas, o Espaço Cultural Alberico Rodrigues abre mais uma vez suas portas e seu coração para apoiar os artistas da cidade na missão liricamente árdua de plantar e colher poesia: vamos nos encontrar para celebrar o Dia da Poesia, comemorado nacionalmente todo dia 14 de março.

Entre um verso e outro, o sarau vai lembrar o aniversário de nascimento do poeta Castro Alves - que inspirou a criação do Dia Nacional da Poesia - e prestar homenagem póstuma ao fotógrafo, jornalista e poeta Eduardo Barrox, também aniversariante, editor do Jornal da Praça Benedito Calixto e do Tablóide Café Literário.

Estarão presentes artistas, poetas, escritores, representantes de vários movimentos culturais da cidade de São Paulo, entre eles Alex Menezes, Ana Rüsche, Celso de Alencar, Cristina Camaleoa, Cesar Silveira, Débora Aligieri, Fabiana Motroni, Flávio Alberoni, Flávio Amoreira, Ivan Antunes, Jarder Cruz, Joel de Oliveira, José Roberto Xavier de Paiva, Ligia Piola, Lilian Alves, Marcelo Ribeiro, Maria Célia Ladeira, Rebecca Navarro, Rodolfo Coelho, Sandra Falcone, Ulisses de Freitas, Valdete Pereira e os poetas maloqueiristas Pedro Tostes, Caco Pontes e Berimba de Jesus, entre outros.

Direto da ponte-aérea, o ator e poeta Bayard Tonnelli também participa do encontro, trazendo um pouco da poesia carioca com seu recente livro Dzi'in'Verso.

E para podermos levar um pouco mais de poesia pra casa, o Espaço Cultural Alberico Rodrigues realizará uma venda especial de livros de vários poetas contemporâneos, com preços promocionais de R$ 4,99 e R$ 9,99.

 

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"Eu canto porque o instante existe

 e a minha vida está completa. 

Não sou alegre nem sou triste: sou poeta."

                                                   Cecília Meirelles


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Blog Action Day 2009

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